
Publicado em: 13 de Março, 2025 | Fonte: redação
O presidente da Bolívia, Luis Alberto Arce Catacora, assinou na última segunda-feira (10) um decreto autorizando a estatal YPFB (Yacimientos Petrolíferos Fiscales Bolivianos) a utilizar criptomoedas para a importação de combustíveis.
A decisão ocorre em meio a um cenário de escassez de petróleo, gasolina e outros derivados no país. De acordo com fontes da mídia local, a YPFB enfrenta dificuldades devido à falta de dólares para efetuar pagamentos dessas commodities.
Filas e dificuldades no abastecimento
Nas redes sociais, circulam diversas imagens e vídeos de cidadãos bolivianos aguardando em longas filas para conseguir abastecer seus veículos. Algumas dessas cenas já vêm sendo registradas desde novembro de 2024, indicando que o problema não é recente.
Uma moradora relatou: "Estou aqui desde as 5 da manhã. Sim, a gasolina chegou, nós deixamos nossos documentos ontem e hoje nos disseram para estarmos aqui às 6:00 da manhã. Mas estão nos dando apenas 5 litros, já está limitado." Outro motorista comentou que percorreu vários postos sem sucesso e que este foi o único lugar onde conseguiu adquirir pelo menos essa quantidade reduzida de combustível.
Além disso, há denúncias de que estrangeiros estariam pagando um valor 130% maior pela gasolina em comparação aos cidadãos bolivianos. Em um vídeo, um frentista explica a uma turista argentina que o preço internacional é de 8,60 bolivianos por litro, enquanto os residentes locais pagam 3,76 bolivianos. A disparidade gerou questionamentos, mas foi justificada como uma política de vendas internacionais.
Dólar paralelo dispara
A crise no abastecimento também teve reflexos no câmbio. O dólar, que oficialmente é cotado a 6,92 bolivianos, chegou a ser negociado por até 11,93 bolivianos em cidades como Santa Cruz e La Paz, evidenciando um aumento significativo no mercado paralelo.
Governo muda postura sobre criptomoedas
Embora tenha proibido o uso de criptomoedas em 2022, o governo boliviano reviu sua posição nos últimos anos. O banimento foi revertido diante de uma tentativa de golpe militar, e agora, diante da crise cambial e de combustíveis, o próprio governo passou a recorrer aos ativos digitais para viabilizar suas importações.
O decreto 5348, assinado por Luis Arce, estabelece que empresas e entidades públicas que realizam atividades comerciais estão autorizadas a adquirir e transferir ativos virtuais para cumprir suas obrigações em moeda estrangeira.
"O Estado Plurinacional da Bolívia está passando por uma situação de iliquidez transitória de moeda estrangeira, o que impacta diretamente o abastecimento de combustíveis", justifica o documento. "Para garantir o fornecimento interno, é necessário autorizar a YPFB a operar com ativos virtuais na aquisição de petróleo bruto, diesel e insumos necessários para a produção de gasolina."
Por fim, há críticas de parte da população ao governo do Movimento ao Socialismo (MAS). Alguns cidadãos lembram que o presidente Arce havia prometido transformar a Bolívia em uma economia estável, mas que, diante da crise, o país estaria se aproximando do cenário vivido pela Venezuela, que também aderiu às criptomoedas como alternativa em meio a dificuldades financeiras.
O Decreto Supremo 5348, assinado pelo presidente da Bolívia, autoriza a estatal YPFB a utilizar criptomoedas para a importação de petróleo e combustíveis. A medida busca contornar a escassez de moeda estrangeira e garantir o abastecimento energético do país. | Créditos: reprodução/internet
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