Escárnio: Para tentar escapar de acusação, Prefeito de Corumbá chegou a dizer à PF que “deixava seu celular com várias pessoas”
No mesmo depoimento à Polícia Federal, Marcelo Iunes também disse que ficou "surpreso" quando "pegaram" o "Macaco" com dinheiro e que "nunca precisou comprar votos".
Corumbá - Tem coisas que parecem só "acontecer" na Cidade Branca, a Capital do Pantanal Sul Matogrossense: em interrogatório efetuado em Setembro deste ano na Delegacia da Polícia Federal em Corumbá por conta da "Operação Mercês" (realizada em 2021), o Prefeito Marcelo Aguilar Iunes (PSDB) tentou se esquivar de todas as acusações e evidências que apontavam para ele, sem sucesso: o Ministério Público federal, na figura da Procuradoria Regional Eleitoral aceitou a denúncia realizada pela Polícia Federal, onde aponta fortes evidências de crimes eleitorais praticados pelo prefeito e dois assessores (até o momento). Você pode conferir mais detalhes sobre esse caso, nessa matéria aqui.
SURPRESA ATRÁS DE SURPRESA
Mas o que causa mais surpresa são as respostas dadas pelo gestor da Cidade Branca, durante o seu interrogatório na Polícia Federal:
- Segundo Iunes, Marconi "Macaco" foi chefe de gabinete e assessor e agora é Diretor da Agência Municipal Portuária e que ajudou na campanha de reeleição, de forma "voluntária";
- O Prefeito ficou "surpreso" quando "pegaram o Macaco" com dinheiro em espécie; Marcelo também soube que Marconi havia sido preso no mesmo dia, quando disseram para ele "pegaram o Macaco lá";
- Marcelo também disse que 'não mexia com papeladas", nem contratos, porque isso tinha ficado à cargo de uma firma de Campo Grande e portanto não sabia de nada o que estaria ali; Também não soube informar qual era essa firma;
- O Prefeito também disse que o trabalho de Marconi como chefe de gabinete era apenas de atender as demandas da Prefeitura, que ele não deveria mexer com política - e que também não ajudava pessoas específicas por intermédio do seu assessor pessoal;
- Segundo Marcelo, todas as demandas que chegavam ele passava para o Marconi, porque ele, O PREFEITO, "não tinha tempo".
- Ele também disse que muitas pessoas vão na Prefeitura em busca de ajuda financeira e que ele tenta ajudar, mas não em troca de votos;
- Sobre os pedidos de agendamento e adiantamento de exames, Marcelo Iunes disse que "não passam alguém na frente, mas que avaliam algumas situações pontuais de urgência";
- Também disse que todas as vezes que alguém pedia um sacolão, ele mandava para a Assistência Social, porque precisa ser cadastrado.
Mas a parte mais surpreendente do depoimento de Marcelo Iunes na Polícia Federal foi a declaração que:
- Ele deixava o telefone PESSOAL dele com várias pessoas durante suas caminhadas, com amigos que caminhavam juntos e que todos os dias pelo menos umas vinte pessoas participavam de uma "caminhada" eleitoral e que tinham reuniões de segunda à segunda - tentando transparecer para a Polícia Federal que QUALQUER pessoa poderia ter utilizado seu TELEFONE PESSOAL e assim, se escusar de qualquer culpa nos diálogos não-republicanos trocados com Marconi "Macaco" sobre os crimes de compra de votos que está sendo acusado.
Mas a estratégia parece não ter funcionado para a Polícia Federal e para a Procuradoria Regional Eleitoral do MPF, que acatou a denúncia que declarou réus o Prefeito Marcelo Iunes e os assessores Marconi e Mariluce, em trecho demonstrado abaixo:
"Em detida análise aos autos, conforme peças oferecidas em apartado, verificou-se indícios suficientes das autorias e materialidades da prática dos crimes de corrupção eleitoral (art. 299, CE) e falsidade ideológica eleitoral (art. 350, CE), motivo pelo qual a PROCURADORIA REIONAL ELEITORAL denunciou os agora réus MARCELO AGUILAR IUNES, MARCONI DE SOUZA JUNIOR e MARILUCE GONCALVES LEÃO como incursos nas penas dos referidos artigos."