O Brasil registrou, em 2024, 3.253 casos notificados de coqueluche, tornando este o ano com o maior número de ocorrências da doença desde 2014, quando 8.622 casos foram contabilizados. | Créditos: Agência Brasil
Publicado em: 15 de Novembro, 2024 | Fonte: Agencia Brasil
O Brasil registrou, em 2024, 3.253 casos notificados de coqueluche, tornando este o ano com o maior número de ocorrências da doença desde 2014, quando 8.622 casos foram contabilizados. Os dados foram divulgados pelo painel epidemiológico do Ministério da Saúde. Em comparação, 2013 havia registrado 3.113 casos, evidenciando um aumento preocupante na taxa de incidência.
A coqueluche, também conhecida como tosse comprida, é causada pela bactéria Bordetella pertussis e é altamente contagiosa, afetando o sistema respiratório. Seus sintomas incluem intensas crises de tosse seca, podendo levar a complicações graves, especialmente em bebês e crianças pequenas.
Vacinação em declínio
Especialistas apontam a queda na cobertura vacinal como principal fator por trás do aumento dos casos. Segundo a infectologista Mirian Dal Ben, do Hospital Sírio-Libanês, a vacinação deveria atingir 95% da população-alvo para ser eficaz na contenção da doença, índice que está longe de ser alcançado. Além disso, a falta de reforço vacinal para adolescentes agrava a situação, uma prática já consolidada em países como Estados Unidos e nações europeias.
Outro aspecto que contribui para o aumento nos registros é a ampliação do acesso a exames laboratoriais baseados em biologia molecular, que permitiram diagnósticos mais precisos e confirmaram casos que poderiam ter passado despercebidos em anos anteriores.
Panorama estadual e vacinação de gestantes
O Paraná lidera em número de casos, com 1.224 registros e quatro das 13 mortes confirmadas em 2024. A taxa de vacinação no estado para a vacina pentavalente em crianças está em 90%, enquanto para gestantes, a cobertura vacinal é ainda mais preocupante: 53,3% das grávidas não foram imunizadas.
A vacinação de gestantes é considerada estratégica, pois oferece proteção passiva ao recém-nascido, grupo mais vulnerável à doença. “A imunização das gestantes é crucial para proteger os bebês, que têm maior risco de desenvolver formas graves da doença. Além disso, profissionais de saúde que lidam com esses recém-nascidos também precisam estar vacinados”, destaca Dal Ben.
Em São Paulo, que ocupa a segunda posição no ranking de casos com 870 registros, a média de cobertura vacinal para crianças chegou a 86,1% em setembro, também abaixo do ideal.
Uma doença prevenível, mas ainda presente
A coqueluche, embora prevenível por meio da vacina oferecida gratuitamente pelo SUS, segue sendo uma ameaça devido às baixas taxas de imunização. O esquema primário inclui três doses da pentavalente aos 2, 4 e 6 meses de idade, seguidas por reforços com a vacina DTP (tríplice bacteriana), que protege contra difteria, tétano e coqueluche.
A doença é transmitida por gotículas expelidas pela tosse, espirros ou fala de pessoas infectadas, destacando a importância da vacinação e de medidas de higiene para conter sua disseminação.
Com um cenário de aumento nos casos e baixa adesão à vacinação, especialistas reforçam a necessidade de campanhas educativas e ampliação do acesso à imunização para evitar que a coqueluche volte a se tornar um grave problema de saúde pública.
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