A vacina, conhecida como Qdenga, recebeu aprovação da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) em março de 2023 e está disponível em clínicas privadas desde julho do mesmo ano. | Créditos: Portal G1
Publicado em: 20 de Janeiro, 2024 | Fonte: Redação
No final de dezembro de 2023, o Ministério da Saúde tomou uma medida histórica ao incorporar a vacina contra a dengue ao Sistema Único de Saúde (SUS), tornando o Brasil o primeiro país do mundo a oferecer esse imunizante no sistema público universal.
O Brasil lidera as estatísticas mundiais de casos de dengue, registrando 2,9 milhões de casos em 2023, de acordo com a Organização Mundial da Saúde (OMS). O Ministério da Saúde revela que, somente no ano passado, pelo menos 1.094 pessoas perderam a vida devido à dengue.
A médica infectologista do Hospital Emílio Ribas, Rosana Richtmann, destaca que a inclusão da vacina no SUS representa o primeiro passo crucial no combate à dengue no país. "Não é só a vacinação que resolverá o problema, mas é o primeiro passo para podermos continuar com novas medidas e, assim que tivermos mais vacinas disponíveis, ampliar a vacinação para uma população ainda maior", enfatiza Richtmann.
A vacina, conhecida como Qdenga, recebeu aprovação da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) em março de 2023 e está disponível em clínicas privadas desde julho do mesmo ano.
Como Funciona a Vacina contra a Dengue?
A Qdenga pode ser aplicada em pessoas de 4 a 60 anos de idade, prevenindo a dengue, independentemente da exposição anterior à doença e sem a necessidade de teste pré-vacinação. Desenvolvida pelo laboratório japonês Takeda Pharma, a vacina utiliza vírus atenuado, tornando-o incapaz de causar a doença. Composta por quatro sorotipos do vírus, a aplicação segue um esquema de duas doses, com intervalo de 90 dias entre elas.
A avaliação clínica revela que a vacina possui eficácia de 80,2% contra a dengue, com proteção por 12 meses após a administração das duas doses.
Quem Pode Receber a Vacina?
A Anvisa aprovou a vacina para pessoas de 4 a 60 anos, independentemente de terem tido dengue anteriormente. No entanto, algumas contraindicações são destacadas pela infectologista Rosana Richtmann, como gestantes, lactantes, pessoas com imunodeficiência ou em tratamento imunossupressor.
Embora em clínicas particulares qualquer pessoa de 4 a 60 anos possa receber a vacina, o governo priorizará a imunização de crianças e adolescentes de 6 a 16 anos no SUS, seguindo recomendações da OMS.
O infectologista Álvaro Costa, do Hospital das Clínicas, explica que a escolha do público-alvo considera a mortalidade mais elevada nos grupos mais jovens. A previsão é de entrega de cerca de 5,082 milhões de doses ao governo em 2024, iniciando em fevereiro e encerrando em novembro.
O que Significa a Inclusão no SUS?
Segundo Álvaro Costa, é essencial compreender que a vacina não é uma solução completa para o país com o maior número de casos de dengue no mundo. É crucial continuar o controle do vetor, impedindo a proliferação do mosquito Aedes aegypti. "A vacina é para a redução de mortalidade. Você vai reduzir os óbitos, mas não vai reduzir os casos", explica o infectologista.
Richtmann acredita que o impacto positivo da vacina na redução das vítimas da dengue no país será percebido não em 2024, mas possivelmente no próximo ano ou nos próximos dois anos, dependendo da cobertura vacinal e do aumento da disponibilidade de doses.
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