Pantanal MS
09 de Dezembro / 2024

Governo boliviano apresentou algumas pessoas presas durante a operação. | Créditos: Divulgação

  • Publicado em: 23 de Novembro, 2024 | Fonte: Rafael Almeida

Uma operação da Fuerza Especial de Lucha Contra el Crimen (Felcn) da Bolívia localizou, na última quinta-feira (16), uma aeronave brasileira usada no transporte de cocaína. O Cessna Aircraft, de matrícula PS-LEO, foi encontrado em uma pista clandestina na província de Velasco, a cerca de 450 quilômetros de Corumbá, no Mato Grosso do Sul. Na ação, os agentes apreenderam 451 quilos de cloridrato de cocaína, avaliados em US$ 1,4 milhão (mais de R$ 8,3 milhões no mercado ilegal).

A operação, que durou três dias em uma região de difícil acesso, também resultou na apreensão de três reservatórios de combustível de aviação e uma carabina calibre 10,40 mm. Segundo o ministro de Governo da Bolívia, Eduardo del Castillo, o plano de combate ao narcotráfico, denominado Alas del Oriente, busca intensificar a fiscalização de aeronaves que ingressam no espaço aéreo boliviano sem autorização.

Apreensão detalhada

Em coletiva de imprensa em Santa Cruz de la Sierra, Del Castillo informou que a aeronave brasileira, fabricada em 1975, foi interceptada na quinta-feira com indícios claros de uso para atividades ilícitas. O Cessna, com capacidade para cinco passageiros e carga máxima de 1,7 tonelada, teve o certificado de aeronavegabilidade vencido em julho de 2023, o que reforça as suspeitas de sua utilização no narcotráfico.

Durante as buscas, agentes encontraram, a quatro quilômetros da pista clandestina, uma canaleta com 15 pacotes retangulares que, após testes, confirmaram conter cocaína. O material foi transferido para Santa Cruz de la Sierra, enquanto o avião foi levado ao Aeroporto El Trompillo, na mesma cidade.

Aeronaves brasileiras no narcotráfico

Casos de aviões brasileiros utilizados por traficantes são recorrentes na Bolívia. Investigações de forças como o Departamento de Repressão à Corrupção e ao Crime Organizado (Dracco), de Mato Grosso do Sul, apontam que aeronaves furtadas no Brasil são vendidas no mercado ilegal por cerca de R$ 300 mil, valor significativamente inferior ao praticado no comércio legal. Esses aviões abastecem operações do narcotráfico não só na Bolívia, mas também no Peru e na Colômbia.

Aumento da vigilância aérea

Desde março, a Felcn, em parceria com o Grupo de Inteligencia y Operaciones Especiales (Gioe) e os Diablos Rojos da Força Aérea Boliviana, intensificou o monitoramento do espaço aéreo próximo à fronteira com o Brasil. Ações como a operação Alas del Oriente reforçam os esforços do governo boliviano para desarticular redes de narcotráfico que utilizam aeronaves para o transporte de drogas.

Silêncio no Brasil

Até o início da tarde da última sexta-feira (18), autoridades brasileiras ainda não haviam se manifestado oficialmente sobre a apreensão da aeronave com registro nacional. A troca de informações entre os governos dos dois países deve determinar se o avião foi furtado ou vendido ilegalmente, além de identificar eventuais responsáveis pelo tráfico.

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