
Publicado em: 12 de Fevereiro, 2025 | Fonte: Rafael Almeida
Uma nova medida do presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, pode impactar diretamente a economia de Mato Grosso do Sul. A decisão de taxar a importação de aço em 25% tem como objetivo fortalecer a produção interna americana, mas gera incertezas para exportadores brasileiros. Em 2024, o estado sul-mato-grossense exportou US$ 123 milhões em ferro fundido para os Estados Unidos, o que levanta preocupações sobre os efeitos da tarifação.
Os dados da balança comercial, divulgados pelo Ministério do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços, apontam que os Estados Unidos são um dos principais mercados consumidores do ferro fundido – ou ferro-gusa – produzido no estado. No entanto, ainda não há confirmação se esse tipo de material será incluído na taxação determinada pelo governo norte-americano.
Setor aguarda detalhes da medida
A Siderúrgica Vetorial, uma das principais exportadoras de ferro-gusa no estado, preferiu adotar cautela antes de se manifestar oficialmente. Em nota enviada ao Jornal Midiamax, a empresa explicou que, até o momento, a tarifa incide sobre aço pronto e semi-manufaturado, como placas e tarugos, e que aguarda mais informações sobre possíveis impactos.
A Vetorial mantém operações em Corumbá e Ribas do Rio Pardo, e a decisão pode afetar suas exportações para os Estados Unidos, que são o principal destino do ferro-gusa sul-mato-grossense.
Relação comercial entre MS e os EUA
Em 2024, as exportações de minério de ferro representaram 2,5% da balança comercial de Mato Grosso do Sul, com um total de 3,5 milhões de toneladas enviadas ao exterior – uma queda de 29,8% em comparação a 2023.
Os Estados Unidos terminaram o ano como o segundo maior parceiro comercial do estado, absorvendo 6,7% da produção sul-mato-grossense. A participação norte-americana na balança comercial estadual cresceu 28,3% no último ano, consolidando-se como um destino relevante para produtos como minério de ferro, aço e ferro-gusa.
No caso do ferro-gusa, os Estados Unidos se destacam como principal comprador. Em 2024, o país importou 284 mil toneladas do material, movimentando US$ 123 milhões. O volume, no entanto, já foi maior: em 2022, as exportações para os EUA alcançaram US$ 171 milhões.
Setor reage com surpresa à decisão de Trump
O Instituto Aço Brasil expressou preocupação com a medida, lembrando que, em 2018, um acordo entre os governos brasileiro e norte-americano permitiu a exportação de 3,5 milhões de toneladas de aço semiacabado e 687 mil toneladas de laminados ao mercado dos EUA, flexibilizando uma tarifa semelhante imposta naquele ano.
O instituto destacou que os Estados Unidos importaram 5,6 milhões de toneladas de placas de aço em 2024 para suprir a demanda do mercado interno, sendo que 3,4 milhões vieram do Brasil. Isso evidencia a importância do aço brasileiro para a indústria norte-americana, que agora pode enfrentar dificuldades de abastecimento.
Impacto de decisões de Trump em Mato Grosso do Sul
A taxação do aço é mais uma medida do governo de Donald Trump que afeta Mato Grosso do Sul. Em anos anteriores, outras decisões do presidente norte-americano trouxeram impactos diretos ao estado:
- Suspensão de financiamento para programas de combate ao HIV/Aids: A interrupção do programa “A Hora é Agora” afetou a testagem e o atendimento a pacientes em Campo Grande. O projeto era financiado pelo Pepfar (Plano de Emergência do Presidente dos EUA para o Alívio da AIDS).
- Fim da parceria para manejo florestal e prevenção de incêndios: Mato Grosso do Sul pode ser prejudicado pela suspensão da cooperação entre os Estados Unidos e o Brasil, que envolvia a capacitação de brigadistas e intercâmbio técnico com equipes do Ibama e Prevfogo.
Agora, com a nova taxação do aço, o estado enfrenta mais um desafio econômico que pode afetar diretamente a indústria siderúrgica e a balança comercial sul-mato-grossense. O setor segue atento aos desdobramentos da decisão e aguarda mais esclarecimentos sobre os impactos nas exportações de
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