Após batalhar pela vida, pequeno corumbaense Arthur falece em Campo Grande

Corumbá - A torcida pela vida do bebê Arthur Arthur Alves Rodrigues foi grande, mas infelizmente ele não conseguiu: às 6:59 da manhã desde Domingo, o pequeno bebê faleceu em Campo Grande, para onde foi transferido após muita luta por razões financeiras: tanto a Prefeitura de Corumbá e Santa Casa de Corumbá não queriam pagar R$ 35 mil reais pelo transporte aéreo - até o caso chegar nas redes sociais e até a cidade vizinha, Ladário - teve que entrar na disputa para tentar salvar a vida do pequeno Arthur.
 

Edmar Carvalho Rodrigues e Edilaine Alves da Silva, em imagem com Arthur ainda na barriga. | Créditos: Divulgação

DESCASO

O MS Diário conversou com Edmar Carvalho Rodrigues, o pai de Arthur, que declarou o seguinte:

“A gente está vendo isso acontecer a todo instante, cara.
A gente não acredita que eu tive que brigar com eles,brigar com todo mundo, brigar contra todos, né... graças a vocês, a gente conseguiu a transferência deles, mas... é que nem eu estava falando para a minha esposa, que se ele tivesse nascido... no momento em que ele tivesse nascido, se ele tivesse entrado na UTI neonatal, quem sabe isso não teria acontecido.”

Segundo o pai do pequeno Arthur, ele passou muito tempo (mais de três dias) fazendo um esforço desnecessário com seu pequeno coraçãozinho, se já estivesse internado em uma UTI Neonatal, desde o momento do seu nascimento:

“Ele lutou desesperadamente pela vida e justamente hoje... ele não conseguiu por causa do coraçãozinho dele... o resto estava tudo perfeito, só o coraçãozinho dele que veio... que estava muito prematuro. Ele fez muito esforço, né? A primeira parada cardíaca ele teve eram 6h16 da manhã, ele faleceu às 6h59... que ele não conseguiu resistir... os médicos tentaram fazer de tudo para salvá-lo... aí o médico estava explicando o porquê, né... que a única coisa que estava com problema era o coraçãozinho dele... ele estava muito fraco.”

Edmar disse que vai encampar um movimento para a a construção de uma UTI Neonatal em Corumbá - e revolta-se com as quantias de dinheiro que são destinadas para outras coisas, enquanto a Saúde de Corumbá está um caos:

“Quantos mais vão precisar morrer para a gente trazer uma coisa que é benefício para a população? É um bebê, né? A vida já é difícil... pelo menos o nascimento tinha que ser justo.
A  gente viu que ele foi um dos guerreiros mais... brigou mesmo, viu? Se aqui em Corumbá tivesse recursos... como ele chegou lá, né... não vou falar para você que ele não brigou, ele brigou sim, mas só que... chega uma certa hora que ele não consegue, né? Por isso vamos cada vez agora se organizar para poder encampar essa luta, porque a gente toda hora está vendo a mesma coisa, né? Toda hora a gente está vendo a mesma coisa, eu vi aí na mídia que só em som os caras gastaram R$ 1 milhão para o Carnaval, só o som! Imagina se fosse aplicado na saúde... um milhão! Quantas vidas teriam sido salvas?”

Edmar disse que seu filho veio com um propósito:

“Arthur não veio por um acaso aqui... ele veio para mostrar a gente que a gente é guerreiro. Que a gente deve guerrear, né?
Então é mais ou menos isso que a gente... vamos encampar... a gente vai lutar... vamos colocar a população... a parte disso aí... As autoridades colocam outras coisas na frente para não divulgar realmente a realidade, né? E você pode contar... que depois do carnaval você vai ver quantas pessoas estão ficando doentes aí... por causa da covid... covid está aí... ninguém fala nada...mas pra Saúde, ninguém liga. Mas vamos lutar contra isso a partir de agora".

CIDADE RICA E SEM UTI NEONATAL

Corumbá é uma das cidades mais ricas de Mato Grosso do Sul em menos de 10 anos, o orçamento do município saltou de R$ 466 milhões de reais por ano para quase R$ 1 BILHÃO de reais.

Só o CEFEM - o recurso financeiro que é repassado para os municípios aumentou 102% nesse período e o ICMS, 80%. Para se ter uma ideia do montante desse valor, só com o CEFEM a Prefeitura poderia construir tranquilamente, 356 casas populares novas, POR ANO.

Corumbá também teve sua chance de ter sua UTI Neonatal em 2017, durante a gestão de Ruiter Cunha de Oliveira - pois a obra estava inclusa no projeto original do FONPLATA. O ex-prefeito acabou falecendo em 01 de Novembro de 2017, antes do dinheiro do FONPLATA cair nas contas da Prefeitura, quando então o seu sucessor, Marcelo Aguilar Iunes (PSDB) resolveu alterar todo o projeto original e retirou a UTI Neonatal dos planos e transformou quase todo o dinheiro do FONPLATA em asfalto de qualidade duvidosa.