A Operação Último Ratio cumpriu 44 mandados de busca e apreensão em residências, escritórios de advocacia e nas dependências do TJMS e do Tribunal de Contas do Estado (TCE), incluindo também locais em Brasília, São Paulo e Cuiabá. | Créditos: reprodução/Jd1
Publicado em: 25 de Outubro, 2024 | Fonte: Rafael Almeida
A Polícia Federal (PF) e o Superior Tribunal de Justiça (STJ) investigam um suposto esquema de venda de sentenças que envolve desembargadores, advogados e servidores do Tribunal de Justiça de Mato Grosso do Sul (TJMS). Entre os casos analisados está o do ex-prefeito de Bodoquena, Jun Iti Hada, que teria se beneficiado das negociações para ser absolvido em uma revisão criminal. As operações de busca e apreensão são parte da Operação Último Ratio, que apura corrupção em grande escala nos poderes estaduais.
Segundo a investigação, Hada, condenado anteriormente por crimes de falsa perícia, buscou a revisão de sua condenação. Conversas interceptadas pela PF mostram diálogos entre Hada e seu advogado, Félix da Cunha, em que valores e condições para a absolvição foram discutidos. Em uma mensagem, Félix afirma que a negociação “tá barata, prefeito. Vale”, ao que Hada indaga sobre a possibilidade de parcelamento. Para levantar a quantia necessária, o ex-prefeito chega a mencionar a venda de redes para conseguir o dinheiro.
Em dezembro de 2016, o TJMS emitiu um acórdão que anulou a condenação de Hada, contrariando a posição do Ministério Público Estadual, que sustentava a falta de requisitos para a revisão criminal. A partir dessas evidências, a PF desencadeou uma operação para averiguar o envolvimento de diversas autoridades em práticas de corrupção e lavagem de dinheiro.
A Operação Último Ratio cumpriu 44 mandados de busca e apreensão em residências, escritórios de advocacia e nas dependências do TJMS e do Tribunal de Contas do Estado (TCE), incluindo também locais em Brasília, São Paulo e Cuiabá. Entre os investigados, desembargadores como Vladimir Abreu da Silva, Alexandre Aguiar Bastos, Sideni Soncini Pimentel, Sérgio Fernandes Martins e Marcos José de Brito Rodrigues foram identificados e estão utilizando tornozeleira eletrônica, junto com o conselheiro do TCE, Osmar Domingues Jeronymo, e o servidor Danillo Moya Jeronimo.
As investigações da PF e da Receita Federal receberam apoio do Conselho de Controle de Atividades Financeiras (Coaf), que identificou movimentações financeiras suspeitas entre os envolvidos.
Comentários