Pantanal em chamas: Fumaça ameaça Sul e Sudeste do Brasil
Corredores de nuvens estão facilitando a disseminação da névoa para outros estados brasileiros e até para países vizinhos, como Paraguai e Bolívia.

O Pantanal continua enfrentando um cenário alarmante de incêndios, persistindo há mais de um mês. Com mais de 3 mil focos de calor registrados nesta sexta-feira (17), a fumaça resultante dos incêndios está se espalhando para além das fronteiras do bioma, atingindo a região Sul e Sudeste do país, conforme revelado por imagens de satélites do Programa Queimadas do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe).
As visualizações via satélite evidenciam o avanço da névoa de fumaça, principalmente em direção a estados como São Paulo, Paraná, Santa Catarina e norte do Rio Grande do Sul. Em cidades do noroeste do Paraná, como Paranavaí, os moradores já observam uma mudança no céu, que adquiriu uma tonalidade mais cinza desde quinta-feira (16).
O professor do Instituto de Física da Universidade Federal de Mato Grosso do Sul (UFMS) e doutor em geofísica espacial, Widinei Alves Fernandes, explica que corredores de nuvens estão facilitando a disseminação da névoa para outros estados brasileiros e até para países vizinhos, como Paraguai e Bolívia.
"A intensificação da fumaça é resultado da chegada dessa pluma, proveniente dos incêndios tanto no Pantanal quanto na Amazônia. Isso evidencia que a poluição do ar é um problema que ultrapassa fronteiras, afetando regiões relativamente distantes. Neste momento, identificamos uma condição moderada que tende a se agravar, podendo atingir níveis prejudiciais mais tarde", detalha o pesquisador.
Vinicius Sterling, meteorologista do Centro de Monitoramento do Tempo e Clima de Mato Grosso do Sul (Cemtec-MS), destaca que o avanço da fumaça do Pantanal também é potencializado pelos incêndios na Amazônia.
"A fumaça que está alcançando outros estados não provém apenas do Pantanal; a Amazônia também exerce influência. A situação se agrava em Mato Grosso do Sul e se estende para outras regiões. Na Amazônia boliviana, também há focos de calor, contribuindo para a chegada da fumaça a outros estados, principalmente em MS", detalha o especialista em clima.
Em Campo Grande, a qualidade do ar vem se deteriorando nos últimos dias, e a névoa resultante dos incêndios no Pantanal se concentra de forma mais densa em Mato Grosso do Sul. Nesta sexta-feira (17), diversas cidades do estado amanheceram envoltas pela fumaça gerada pelos incêndios no bioma.