Pantanal MS
22 de Outubro / 2024
  • Publicado em: 28 de Junho, 2024 | Fonte: Ana Marchi

Preocupada com a situação dos mananciais que abastecem o sistema de água potável, a diretoria da Sanesul (Empresa de Saneamento de Mato Grosso do Sul) voltou a alertar autoridades e a população sobre a necessidade de adotar medidas urgentes devido à crise hídrica sem precedentes no Estado. A empresa aconselha o uso consciente da água.

Em fevereiro deste ano, o diretor-presidente da Sanesul, Renato Marcílio, já havia alertado sobre a crise iminente e estabeleceu uma portaria criando um grupo de trabalho para monitorar a situação em Corumbá, Ladário, Porto Murtinho, Aquidauana, Anastácio e outras localidades críticas.

A criação do grupo de trabalho levou em consideração o boletim extraordinário do Serviço Geológico do Brasil (SGB), divulgado em 26 de fevereiro de 2024. O relatório apontou um déficit hídrico significativo na bacia do Rio Paraguai, com chuvas abaixo da média.

Baseando-se em projeções históricas, se as chuvas se mantiverem na média nos próximos meses, 2024 pode repetir a situação crítica de 2020, quando o Rio Paraguai atingiu um nível mínimo de 32 cm em Ladário.

Renato Marcílio também destacou que a única fonte de abastecimento de Porto Murtinho, Ladário, Corumbá e do distrito de Porto Esperança é o Rio Paraguai, por meio de captação superficial.

O grupo de trabalho é responsável por monitorar os níveis dos mananciais, identificar áreas de risco e implementar ações emergenciais para mitigar os efeitos da crise hídrica. Campanhas de conscientização foram iniciadas para incentivar a população a reduzir o consumo e evitar desperdícios, ressaltando a importância da preservação dos recursos hídricos.

Para garantir uma distribuição eficiente e minimizar o desperdício de água tratada, foram implementadas várias medidas, como o combate às perdas no sistema de distribuição, especialmente em Corumbá. As ações incluíram o gerenciamento das pressões na rede, controle de vazamentos não visíveis, agilidade nos reparos e investimentos contínuos em infraestrutura.

O engenheiro Elthon Santos Teixeira, gerente de Desenvolvimento Operacional da Sanesul, explica que a empresa monitora continuamente os rios usados para captação de água. Com base nas observações do ano anterior, sinais indicaram que 2024 poderia ser um ano de seca histórica. Diante disso, a Diretoria Comercial e de Operações estabeleceu um grupo de trabalho para tomar medidas preventivas. A Gerência de Manutenção em Corumbá preparou uma estrutura para enfrentar a crise, incluindo a locação de uma balsa e a aquisição de conjuntos motobomba específicos.

Para Madson Valente, diretor Comercial e de Operações da Sanesul, o desperdício e o consumo excessivo podem agravar ainda mais a crise hídrica, comprometendo a disponibilidade de água para todos. Ele enfatiza a importância da colaboração de cada cidadão para preservar os recursos hídricos e garantir a sustentabilidade do abastecimento de água potável.

Estado de emergência

Segundo registros meteorológicos, Mato Grosso do Sul enfrenta um dos períodos mais secos e prolongados dos últimos anos, principalmente na região do Pantanal, onde incêndios já consumiram mais de 661 mil hectares. O governador Eduardo Riedel decretou estado de emergência.

Uma nota técnica do Laboratório de Aplicações de Satélites Ambientais da Universidade Federal do Rio de Janeiro (LASA-UFRJ), divulgada na segunda-feira (24), atesta que desde o final de 2023 e início de 2024, a região do Pantanal apresenta o maior índice de "raridade de seca" já registrado desde 1951, ultrapassando o ano de 2020, até então o mais crítico.

De acordo com a nota técnica, a situação pode se agravar, com a temperatura do ar próximo à superfície prevista para ultrapassar 2°C acima da média e uma probabilidade de 60% a 70% de que as chuvas permaneçam abaixo da média histórica.

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