Concurso polêmico da Prefeitura de Corumbá tinha até membro da comissão organizadora inscrito para a prova

Corumbá - Parece que o festival de polêmicas do concurso mais “badalado” da Cidade Branca nos últimos anos não para, mesmo estando a dois dias da prova que visa a seleção de 624 vagas para diversos cargos de nível fundamental, médio, técnico e superior.

Além do visível interesse por parte de vários secretários e gestores do primeiro escalão - o MS Diário recebeu a denúncia que haviam irregularidades em torno do certame que poderiam causar a suspeição do concurso.

Uma dessas denúncias - que tentou ser sanada à “toque de caixa”, porque a informação chegou até a Prefeitura de Corumbá - era de que o servidor comissionado PAULO HENRIQUE SOARES PEREIRA iria fazer o concurso público programado para o próximo Domingo (21).

O problema é que Paulo Henrique também era membro da comissão organizadora do concurso - ou seja, tem acesso à todas as informações do concurso, pois está na comissão organizadora.

Isso significa que Paulo Henrique seria uma das primeiras pessoas a ter acesso à prova da FAPEC, com a função de receber  os malotes, abrir os malotes, fechar com o gabarito - e todo o processo burocrático e administrativo do concurso e ainda por cima, fazer a prova - o que nos faz questionar como, até 48 horas antes do concurso público, uma prova tão importante para o Município e para todas as mais de 13 mil pessoas inscritas foi “organizada” dessa forma.

Servidor comissionado teve inscrição cancelada à toque de caixa no final d atarde desta sexta-feira (19). | Créditos: PMC

Paulo Henrique fazia e continua fazendo parte da Comissão Organizadora do concurso municipal - e vai ter total acesso ao recebimento das provas e gabaritos. | Créditos: PMC

Até o final da tarde de hoje, Paulo Henrique estava apto para fazer a prova, até o Prefeito Marcelo Iunes ser obrigado a cancelar sua inscrição à toque de caixa, após o vazamento das denúncias. | Créditos: Divulgação

O problema só foi “sanado” após essa denúncia vazar nas redes sociais, o que obrigou o Prefeito Marcelo Aguilar Iunes (PSDB) a  cancelar o registro da inscrição do servidor no final da tarde desta sexta (19), aos “45 do segundo tempo”, em uma tentativa de não invalidar o concurso municipal - mas o servidor continua designado na comissão organizadora do referido certame.

Um outro problema que foi levantado ao MS Diário é que o Secretário Adjunto da Secretaria de Gestão e Planejamento, Márcio Rômulo Saldanha - ex-advogado particular de Marcelo Iunes  e hoje seu funcionário comissionado - também está inscrito para fazer o devido concurso. Porém o contrato firmado com a FAPEC (a entidade que realizará o concurso) foi assinado diretamente com a Secretaria  Municipal de Gestão e Planejamento, onde Márcio em tese, também responde pela pasta - afinal de contas, na ausência do Secretário, é ele que responde e assina automaticamente pela Secretaria e tem total acesso à administração daquele setor, incluindo aí contratos e toda a elaboração do concurso, de forma direta. Logo, prezando pela lisura, ética e moralidade do concurso, Márcio Saldanha - segundo as denúncias - não deveria estar participando do certame. Márcio concorre para o cargo de auditor municipal na área do Direito, onde há apenas duas vagas disponíveis e 15 candidatos disputando por cada uma delas.
 

Contrato foi firmado entre FAPEC e a Secretaria Municipal de Gestão e Planejamento, secretaria onde Márcio Rômulo Saldanha é co-gestor, tendo total acesso aos procedimentos administrativos da Secretaria. | Créditos: PMC

Amanda Cristiane Balancieri Iunes e seu marido, o Prefeito MArcelo Aguilar Iunes (PSDB) | Créditos: Divulgação

PRIMEIRO ESCALÃO QUER ESTABILIDADE APÓS TÉRMINO DO MANDATO DE IUNES

Entre os mais de 13 mil inscritos para o concurso municipal, está a primeira-dama, Amanda Cristiane Balancieri Iunes, juntamente com outros sete membros do alto escalão da administração de Marcelo Iunes (PSDB), que estão na disputa por cargos com salários que variam de R$ 2,3 mil a R$ 7,9 mil brutos, sem os adicionais que podem chegar até 400% do salário, em determinadas áreas.

A Secretária Municipal de Assistência Social e Cidadania, Amanda Iunes, por exemplo, está concorrendo à vaga de Analista de Gestão Governamental na área de Ciências Econômicas, com um salário base de R$ 7.452,00, mais adicional de 50% de permanência, totalizando R$ 11.178,00. Chama atenção o fato de a primeira-dama concorrer a uma vaga como funcionária efetiva, mesmo após declarações públicas de seu esposo sobre o seu enriquecimento, durante sua gestão na Cidade Branca.

Já o secretário municipal de Finanças e Orçamento, Luiz Henrique Maia de Paula, está inscrito para o cargo de auditor do município na área de Ciências Contábeis, com uma remuneração de R$ 7.923,33. A presidente da Fundação Municipal de Meio Ambiente Pantanal, Ana Claúdia Moreira Boabaid também busca por estabilidade, após várias gestões trabalhando como comissionada contratada.
 

Marconi "Macaco" e Estácio "Batata", homens de confiança de Marcelo Iunes | Créditos: Reprodução / Facebook

Uma “menção honrosa” é a participação do presidente da Agência Municipal Portuária, Marconi de Souza Júnior, vulgo “MACACO”, preso em flagrante nas eleições municipais de 2020 e que atualmente está sendo processado pela Justiça por compra de votos, tendo como companheira de processo a ex-Secretária Adjunta de Saúde, Mariluce Leão - hoje pré-candidata à vereança municipal. 

Estácio Muniz - o “Batata” - flagrado nas mensagens interceptadas pela Polícia Federal, Marconi “Macaco” dizia que se a PF pegasse o computador dele, “a casita iria cair”, hoje é Chefe de Gabinete do Prefeito e também tentará uma vaga para Analista Contábil Municipal.

As provas estão marcadas para o próximo domingo (21).