A instabilidade foi alimentada por decisões econômicas no cenário internacional. | Créditos: reprodução/internet
Publicado em: 18 de Dezembro, 2024 | Fonte: redação
O mercado financeiro viveu uma quarta-feira (18) de forte turbulência, marcada pela disparada do dólar e pela queda expressiva da bolsa de valores. O dólar comercial encerrou o dia cotado a R$ 6,267, um aumento de 2,82% em relação ao fechamento anterior, atingindo o maior valor nominal desde a implementação do Plano Real, em 1994. Já o índice Ibovespa, principal termômetro da Bolsa de Valores brasileira (B3), recuou 3,15%, encerrando aos 120.772 pontos, o menor patamar desde junho deste ano.
Fatores externos pressionam o mercado
A instabilidade foi alimentada por decisões econômicas no cenário internacional. Nos Estados Unidos, o Federal Reserve (Fed) anunciou um corte de 0,25 ponto percentual na taxa básica de juros, alinhado às expectativas do mercado. Contudo, o tom mais cauteloso da autoridade monetária para os próximos ajustes em 2025 aumentou as incertezas. Juros elevados nos EUA tendem a atrair capital para ativos norte-americanos, em detrimento de economias emergentes como o Brasil, pressionando o câmbio e o mercado de ações.
No Brasil, a volatilidade do dólar foi intensificada após declarações do ministro da Fazenda, Fernando Haddad, que indicou esperar uma “acomodação” na moeda norte-americana. Apesar disso, a cotação continuou subindo ao longo da tarde, encerrando em seu pico após as declarações do Fed.
A ausência de intervenções do Banco Central (BC) também contribuiu para a escalada do dólar. O dia começou com a moeda em torno de R$ 6,11, com uma breve desaceleração durante a manhã, mas a pressão foi retomada com força no período da tarde.
Pacote fiscal e tensão política
No cenário doméstico, as incertezas políticas adicionaram peso às movimentações do mercado. O Congresso Nacional debate a aprovação de um pacote fiscal considerado essencial para conter os gastos públicos e trazer previsibilidade à economia.
Na noite anterior, a Câmara dos Deputados aprovou um dos projetos de lei complementar que integram o pacote, prevendo restrições à concessão de incentivos fiscais em anos de déficit primário e cortes proporcionais em emendas parlamentares. Contudo, outros itens do pacote ainda aguardavam votação, e a sessão na Câmara não havia avançado até o fim da tarde desta quarta-feira.
Impactos no mercado
A alta do dólar e a queda da bolsa são reflexos de um ambiente de aversão ao risco, tanto no Brasil quanto no exterior. No mercado norte-americano, o índice Dow Jones recuou 2,2%, acompanhando o pessimismo global. No Brasil, os juros elevados nos EUA somam-se às incertezas sobre a política fiscal, resultando na fuga de investidores estrangeiros e na pressão sobre o câmbio.
Economistas alertam que o aumento do dólar pode trazer impactos adicionais à inflação, elevando custos de importação e pressionando setores da economia. Enquanto isso, a bolsa, que já vinha mostrando recuperação nos últimos meses, sofre com a falta de clareza no cenário político-econômico interno e a maior atratividade de ativos norte-americanos.
O mercado seguirá atento aos desdobramentos da votação do pacote fiscal e às próximas ações do Banco Central, que podem incluir intervenções para conter a volatilidade cambial.
Comentários