Pantanal MS
07 de Novembro / 2025
  • Publicado em: 07 de Novembro, 2025 | Fonte: Redação

Durante mais de 20 dias de navegação pelo Rio Paraguai, uma equipe da Secretaria de Estado de Saúde de Mato Grosso do Sul (SES) realizou uma expedição inédita que uniu pesquisa científica, assistência em saúde e preservação ambiental. A bordo do Projeto NAVIO (Navegação Ampliada para Vigilância Intensiva e Otimizada), profissionais percorreram comunidades ribeirinhas e áreas isoladas do Pantanal, reforçando o compromisso do Estado com o conceito de Saúde Única, que integra saúde humana, animal e ambiental.

A iniciativa é resultado de uma parceria entre a Fiocruz Minas, a Marinha do Brasil e as Secretarias Estaduais de Saúde de Mato Grosso e Mato Grosso do Sul, dentro do Consórcio Internacional CLIMADE (Climate Amplified Diseases and Epidemics), que estuda os impactos das mudanças climáticas na disseminação de doenças. O projeto é coordenado pelo Dr. Luiz Alcântara, da Fiocruz Minas Gerais.

Expedição científica e humanitária

Entre 23 de março e 14 de abril de 2025, a equipe da SES atuou no Tramo Norte do Rio Paraguai, levando ações de vigilância, pesquisa e atendimento médico às comunidades pantaneiras. A Coordenadoria de Saúde Única liderou a operação, reunindo profissionais das áreas de vigilância animal, ambiental, epidemiológica e laboratorial, além de equipes do LACEN, Imunização, Saúde Bucal e Assistência Farmacêutica.

Durante a jornada, médicos, enfermeiros, biólogos, veterinários e técnicos trabalharam em conjunto para coletar amostras, realizar atendimentos clínicos e monitorar a qualidade ambiental. Embarcações adaptadas funcionaram como laboratórios flutuantes, garantindo análises em tempo real.

Ações em destaque

Coleta de amostras biológicas de humanos, animais e do ambiente para identificação de patógenos e zoonoses emergentes;

Análises laboratoriais de sangue, secreções e pelos de animais domésticos, silvestres e de produção;

Estudos sobre fungos, metais pesados e resíduos de defensivos agrícolas;

Monitoramento ambiental com coleta de água do Rio Paraguai para análises microbiológicas e físico-químicas;

Captura e identificação de vetores, essenciais para avaliar riscos de arboviroses;

Atendimentos médicos e de enfermagem, com consultas, classificação de risco e exames;

Testes rápidos e diagnósticos sorológicos para doenças infecciosas;

Ações educativas voltadas à prevenção de doenças, cuidado com a água e convivência com a fauna local.

Inovação a serviço da saúde pública

O Projeto NAVIO incorporou inteligência artificial na análise de dados clínicos e laboratoriais, agilizando diagnósticos e ampliando a capacidade de resposta das equipes em campo. Essa integração entre tecnologia e vigilância reforça a prevenção de agravos e fortalece o sistema de saúde em regiões de difícil acesso.

“Ciência e humanidade navegando juntas”

A secretária adjunta de Estado de Saúde, Crhistinne Maymone, destacou o caráter inovador e sensível da iniciativa:

“O Pantanal é um organismo vivo, e quem trabalha com saúde precisa compreender essa conexão. O Projeto NAVIO mostra que cuidar das pessoas é também cuidar do ambiente e dos animais. É ciência e humanidade navegando juntas.”

Para a coordenadora de Saúde Única da SES, Danila Frias, o trabalho representa um novo patamar na vigilância integrada:

“Cada amostra coletada e cada conversa com os moradores reforçam o compromisso coletivo com o futuro do Pantanal. A Saúde Única é mais que um conceito técnico, é uma missão de preservar a vida em todas as suas formas.”

Um legado para o Pantanal

Os resultados obtidos confirmam a importância da abordagem integrada em saúde em áreas de alta biodiversidade e fronteira. No Pantanal, onde o contato entre humanos, animais e meio ambiente é constante, essa união de esforços é fundamental para detecção precoce de doenças, monitoramento de zoonoses e proteção da saúde pública.

Mais do que uma missão técnica, o Projeto NAVIO deixa um legado de conhecimento, solidariedade e compromisso com a vida, reafirmando o papel do Mato Grosso do Sul na construção de um modelo de vigilância moderna, inclusiva e sustentável para o bioma pantaneiro.

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