Tremores de terra são registrados em Miranda e Ladário, mas passaram despercebidos pela população

Na última semana de novembro, dois tremores de terra de baixa magnitude foram registrados em Mato Grosso do Sul, nas cidades de Miranda e Ladário. O primeiro abalo, com magnitude de 2,1, ocorreu na madrugada de terça-feira (26), às 2h42, em Miranda. O segundo, também com magnitude 2,1, foi detectado às 9h49 de quarta-feira (27), em Ladário. Os dados foram coletados pela Rede Sismográfica Brasileira (RSB) e analisados pelo Centro de Sismologia da USP (Universidade de São Paulo).

Apesar dos registros, os abalos não foram percebidos pelos moradores de ambas as cidades. Tremores com magnitude abaixo de 3,5 geralmente são imperceptíveis, sendo captados apenas por equipamentos especializados. O radialista Júlio César Silva, que mora em Miranda, relatou não ter notado nenhuma alteração. "Também não tive nenhum relato sobre isso", disse. Em Ladário, a protetora de animais Auxiliadora Luzia da Silva também não percebeu o tremor. "Estava em Ladário, mas não senti", afirmou. A vendedora Carla Silva completou: "Não fiquei sabendo, nem sabia que isso existia."

Fenômeno natural na região do Pantanal

A professora doutora Edna Maria Facincani, especialista em sismicidade do Pantanal, explicou que tremores como esses são naturais na região e não representam motivo para preocupação. "É um fenômeno comum em bacias do Pantanal que estão em processo de formação", afirmou.

Docente da Faculdade de Engenharias, Arquitetura, Urbanismo e Geografia da UFMS (Universidade Federal de Mato Grosso do Sul), Edna trabalha há mais de 20 anos com sismos na região em parceria com o Instituto de Geofísica da USP. Segundo ela, os recentes tremores indicam que falhas geológicas responsáveis pela sedimentação da bacia continuam ativas.

"A magnitude registrada em torno de 2 reflete pouca liberação de energia. Tremores a partir de 3 já podem ser percebidos por moradores, mas ainda assim são de baixa intensidade", detalhou a especialista.

O que são os sismos no Pantanal?

Os sismos registrados na região estão associados à dinâmica natural do solo pantaneiro, uma das maiores planícies alagáveis do mundo. Esse tipo de atividade evidencia que as bacias sedimentares estão em contínua transformação, destacando a importância do monitoramento constante para entender os processos naturais que moldam o território sul-mato-grossense.

Embora tenham passado despercebidos, os tremores reforçam o papel de instituições científicas e equipamentos de monitoramento na análise de fenômenos naturais que ajudam a explicar a formação geológica da região.